sábado, 14 de julho de 2007

No Público de Hoje

«Vêm estas considerações a propósito de um artigo de opinião (PÚBLICO de 6 de Julho) de um ilustre advogado sobre a actual ausência de rigor no sistema de ensino. Em primeiro lugar, com todo o respeito por esse senhor, respeito devido a qualquer cidadão, infelizmente assiste-se hoje a uma vertigem de publicações de notáveis sociais com as mais diversas opiniões sobre tudo e sobre qualquer coisa. Em segundo lugar, isto deriva em consequências imediatas; sobre o elogio à proposta do Partido Popular de exames em qualquer esquina, há a defesa dessa ideia, sustentada pela ideia de rigor na avaliação de tudo quanto é elemento do sistema de ensino. O que é inacreditável é o simplismo com que se aborda uma questão complexa do sistema educativo. Nem abordarei questões específicas sobre a real validade dos exames para quantificar a qualidade do ensino. Mas é trágico observar determinação na defesa de uma ideia quando não se apresenta qualquer argumento interno e substancial para a defesa desse rigor. Os formandos não sabem nada, os formadores nada fazem para superar isso. Na prática é esta a teoria argumentativa. Sobre a ideia consequente apontada de falta de estruturas pessoais que definam os indivíduos para as metas da competitividade laboral, sobre esta obsessão pela máquina liberal, como professor, defino como minha prioridade absoluta a formação dos indivíduos como seres pensantes e capazes de actuar em sociedade, de se reconhecerem pessoal e humanamente (e daí também como seres capazes de se integrarem na organização social e profissional). A primeira linha da competitividade na formação dos jovens é o conhecimento nas suas mais diversas vertentes. Os padrões económicos são uma necessidade de sobrevivência, não uma necessidade de essência do ser humano. E se isto é corporativismo, defenda-se acerrimamente. E, imagine-se, nem tenho nada a ver com sindicalismos da classe ou politiqueiros! Apenas um anónimo que sabe do que fala!»
Jorge Silva, professor
Braga

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